Page 106 - Manual Antibioticoterapia Unimed Londrina
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PROTOCOLOS E DIRETRIZES:
                     ANTIBIOTICOTERAPIA E PREVENÇÃO DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE


        16.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PROFILAXIA
        A eficácia da profilaxia depende diretamente do modo de sua administração: o momento
        de início, a repetição intraoperatória e a sua duração.
          • Início da profilaxia: na indução anestésica ou no máximo 1 hora antes da 1ª incisão
           cirúrgica, momento em que há exposição aos microrganismos, o que garante o pico da
           concentração do antimicrobiano no momento em que há exposição dos tecidos.
          • A dose do antimicrobiano a ser utilizada é a habitual, independente da função renal.
           Na grande maioria das cirurgias, apenas uma dose na indução é suficiente, visto que
           fornece cobertura para 3h, no caso da cefazolina, 2h se cefalotina. Repiques devem ser
           feitos a cada 2 a 2,5 vezes a meia vida da droga. Fazer repiques a cada 2h (cefalotina),
           3h (cefazolina) ou se perda sanguínea superior a 1000mL em adulto. Se opção por ce-
           fazolina, adultos > 80 kg, usar 2g, >120 kg usar 3g por dose.
          • Duração da profilaxia: Após o encerramento da cirurgia, a contaminação do sítio ope-
           ratório é rara, embora não impossível. Portanto, doses adicionais de antimicrobianos
           não seriam indicadas. Algumas exceções são dignas de nota:
               Ì Cirurgias onde baixos inóculos bacterianos são suficientes para o desenvolvimento
             de Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC), merecem administração de antimicrobianos
             por um período total de 24 horas. É o caso do implante de próteses de grande porte.
               Ì Cirurgias onde estudos clínicos ainda não respaldam a administração por tempo
             curto, como, por exemplo, cirurgia cardíaca e a cirurgia de cólon, profilaxia por 24
             horas pode estar indicado.
               Ì  Em cirurgias arteriais de membros inferiores, a literatura ainda não mostra segu-
             rança quanto à segurança da profilaxia restrita ao intraoperatório.
               Ì  Duração prolongada não é recomendada quando o paciente persiste com drenos,
             sonda vesical, cateter venoso ou cânula orotraqueal, uma vez que a profilaxia não é
             eficaz nesta situação.
        16.3 ESCOLHA DO ANTIMICROBIANO
               Ì O antibiótico deve ter apresentação parenteral, possuir mínima toxicidade e custo,
             ser fraco indutor de resistência e ter farmacocinética adequada, além de possuir
             atividade contra a maior parte dos patógenos causadores de ISC na instituição.
               Ì Não esquecer: a partir do momento que estamos expondo uma grande quantida-
             de de pacientes a um antimicrobiano específico, é possível o desenvolvimento de
             resistência a este antibiótico na instituição; portanto, o antimicrobiano escolhido
             não deve ser aquele mesmo indicado para o tratamento de infecções nosocomiais
             graves.
               Ì As cefalosporinas são os antimicrobianos com o perfil mais próximo do descrito. A
             cefazolina e a cefuroxima são os antimicrobianos mais estudados.
               Ì Para as demais situações, análise de custo-benefício é recomendada. Embora muito
             utilizada em nosso meio, fora do Brasil a cefalotina quase não é usada em profilaxia.
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