Page 13 - Manual Antibioticoterapia Unimed Londrina
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I – NOÇÕES IMPORTANTES SOBRE RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA E PREVENÇÃO
              DE INFECÇÕES RELACIONADAS À SAÚDE (IRAS)


           I – NOÇÕES IMPORTANTES SOBRE RESISTÊNCIA
           ANTIMICROBIANA E PREVENÇÃO DE INFECÇÕES
           RELACIONADAS À SAÚDE (IRAS)


           1 MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES (MR)
           Nas últimas décadas, o número de casos de bactérias multirresistentes tem aumentado
           progressivamente. Infecções causadas por tais microrganismos tornaram-se um problema
           emergente em todo o globo, dificultando a prevenção e o tratamento eficazes, com conse-
           quente aumento da mortalidade e dos custos em saúde.

           A exposição inadequada dos microrganismos a antimicrobianos, devido ao seu uso inapro-
           priado ou indiscriminado, é um dos principais fatores que contribuem para a emergência
           dos mecanismos de resistência, tanto na comunidade como em instituições de saúde.
           Dentro deste contexto, a Organização Mundial de Saúde (OMS), em fevereiro de 2017, publi-
           cou uma lista com os patógenos prioritários com múltipla resistência antimicrobiana, com
           o objetivo de promover a pesquisa e o desenvolvimento de novos antimicrobianos, além de
           chamar a atenção aos patógenos com maior potencial de resistência e desfecho negativo.
           Trata-se de um catálogo de 12 famílias de bactérias, em sua maioria gram negativas, dividi-
           das em 3 categorias:
               •   Prioridade crítica:  Acinetobacter baumannii carbapenêmicos resistente (CR);
                  Pseudomonas aeruginosa CR; Enterobacterales CR e produtores de β-lactamase de
                  espectro estendido (ESBL).
               •   Prioridade alta: Enterococcus faecium vancomicina resistente (VRE); Staphylococ-
                  cus aureus meticilina resistente (MRSA) e vancomicina intermediário (VISA) ou
                  resistente (VRSA);  Helicobacter pylori claritromicina resistente;  Campylobacter
                  spp. fluoroquinolona resistente; Neisseria gonorrhoeae cefalosporina e fluoroqui-
                  nolona resistente.
               •   Prioridade média: Streptococcus pneumoniae penicilina resistente; Haemophilus
                  influenzae ampicilina resistente; Shiguella spp. fluoroquinolona resistente.

           Os principais mecanismos de resistências, assim como as principais siglas utilizadas neste
           contexto são:
              • ESBL (β-lactamase de espectro estendido): resistente às penicilinas, cefalosporinas (até
               4ª geração) e aztreonam;
              • AmpC: resistente às penicilinas e cefalosporinas (até 3ª geração):
                    Ì As bactérias Citrobacter freundii, Enterobacter cloacae e Klebsiella aerogenes pos-
                   suem  grande  chance  de  AmpC  cromossomal  induzível  (aparecem  sensíveis  no
                   antibiograma quando não expostos previamente ao antibiótico);
              • CR (Carbapenêmico resistente):
                    Ì Serino carbapenemases (CR, p.ex. KPC): resistente a todos os β-lactâmicos;
                    Ì Metalo-carbapenemases (MBL, p.ex. NDM, VIM-1, IMP-1, SPM): resistente a to-
                   dos os β-lactâmicos e aos inibidores de β-lactamase, exceto o Aztreonam;
                                                                             13
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