A enfermeira e coordenadora do Programa Materno Infantil da Unimed Saúde, Gheisa Lopes, esclarece as dúvidas mais comuns sobre o assunto
O ato de amamentar o bebê é um dos grandes desafios da maternidade e é também um assunto cercado por mitos, que são passados de geração em geração. Ainda hoje este assunto confunde muitas mães durante o processo de amamentação. Para esclarecer algumas questões, convidamos a enfermeira e coordenadora do Programa Materno Infantil da Unimed Saúde, Gheisa Lopes.Responsável pelo programa de aleitamento materno e pelo curso de gestantes da Unimed Londrina, ela explica sobre os mitos e verdades da amamentação
1. Cerveja preta ajuda a aumentar a produção de leite.
Mito. Nenhum alimento aumenta a produção do leite. Conforme Gheisa, antigamente esse conhecimento popular era disseminado e a canjica também era incluída na alimentação das mães com o mesmo objetivo.“Não é que a cerveja preta aumente a produção do leite, ela, assim como qualquer outra bebida alcoólica, relaxa a mãe e a consequência é a liberação do hormônio ocitocina, que contribui com a produção de leite” Ela destaca que nenhuma bebida alcoólica deve ser ingerida pela mulher que está amamentando. “A canjica também não é indicada, pois contém leite de vaca e pode fazer com que o bebê tenha mais cólicas. E ela completa explicando que a mãe precisa apenas de tranquilidade para produzir o leite. “ Cerca de 80% da produção de leite vai acontecer com o estímulo do bebê na mama”, justifica.
2. Amamentar faz com que a mãe perca o peso da gravidez mais rapidamente.
Verdade. “ O gasto de energia com a amamentação é muito grande. Então, a mãe que está amamentando exclusivamente, perde peso com mais facilidade ”, afirma Gheisa.
3. Existem alimentos que a mãe deve evitar.
Verdade. Segundo a enfermeira, em relação à alimentação, é importante que a mãe evite alguns tipos de alimentos. “Os alimentos que a mãe consome estão relacionados à qualidade do leite. Deve-se evitar os alimentos estimulantes, como chocolate, café, chá preto, chá mate e outros. Além de bebida alcoólica e a pimenta, que tem ácido carboxílico, e pode dar cólica no bebê”, comenta.
4. Algumas mães produzem um “leite fraco” para o bebê.
Mito. Muitas vezes, as mães introduzem leites artificiais, pois acreditam que o aleitamento materno não está suprindo a demanda do bebê, porém, Gheisa esclarece que o leite da mãe tem tudo no que o bebê precisa para se desenvolver. “A mãe produz a quantidade de leite que o bebê precisa e com muita qualidade. Cada mãe produz o leite adequado para o seu filho e para a faixa etária dele. Por exemplo, quando o bebê está doente, a cor e o aspecto do leite materno mudam. O leite produzido pela mãe se adequa às necessidades do bebê e nunca é “fraco para a criança”, complementa.
5. O bebê precisa de outros líquidos para se manter hidratado.
Mito. “Até o sexto mês, o bebê não precisa tomar nenhum outro tipo de líquido, só o leite materno”, enfatiza Gheiza. De acordo com ela, o leite materno contém toda a água que o bebê necessita, além dos demais nutrientes, essenciais para o desenvolvimento, crescimento e ganho de peso.
6. É preciso estabelecer horários rígidos para as mamadas.
Mito. A recomendação da enfermeira é que a mãe permita que o bebê mame em livre demanda, isto é: sempre que sentir vontade. Não é necessário um cronograma definido para as mamadas, que, nos primeiros meses de vida, duram entre 20 e 30 minutos. “Até completar os seis primeiros meses de vida, o bebê deve mamar quantas vezes quiser, sem horários definidos. A partir do sexto mês, começa a introdução alimentar, que é uma outra fase”, orienta.
7. Oferecer chupeta e mamadeira causa o desmame precoce.
Verdade. Sobre o uso de bicos artificiais, Gheisa é categórica. “Quando o bebê recusa o peito, é porque ele está usando chupeta ou mamadeira. Se a mãe pensa em amamentar, a primeira coisa que ela precisa é tirar os bicos artificiais. Bico artificial causa desmame”, ressalta a enfermeira. Além disso, ela aponta os aspectos afetivos em relação à amamentação. “Amamentar é uma ação que só a mãe pode fazer, ninguém pode fazer por ela, o momento da amamentação fortalece o vínculo entre mãe e bebê. A mamadeira não, qualquer pessoa pode dar”, argumenta.
8. Tomar sol na mama ajuda a preparar o seio para a amamentação.
Verdade. “O preparo da mama deve ser feito com banho de sol em aréola e mamilo. Esta é uma orientação do Ministério da Saúde. Não tem necessidade de utilizar outro tipo de produto”, garante Gheisa. A enfermeira reforça que as pomadas só devem ser utilizadas sob prescrição médica, para tratamento de eventuais fissuras. “A pomada de lanolina é tratamento. Ela precisa ser bem usada para ser eficaz”, reitera.
9. O tipo de parto influencia na descida do leite.
Verdade. O corpo da mulher começa a se preparar para a amamentação muito antes do nascimento do bebê. A partir da 12ª semana de gestação, já começa a produção do colostro, o primeiro leite que o bebê irá consumir após o nascimento. Gheisa explica que a descida do leite também sofre influência do tipo de parto. “No parto normal, a descida do leite é natural. No parto cesárea, o processo pode ser um pouco mais demorado”, esclarece. Porém, em ambos os casos, a amamentação é possível. “É fundamental que o bebê seja colocado para mamar ainda na primeira hora de vida. É a chamada “hora de ouro”, que ajuda na liberação de hormônios da mãe para a descida do leite”, esclarece.
10. Em todas as mamadas, a mãe deve oferecer as duas mamas.
Mito. “No início é recomendado oferecer as mamas ao bebê de forma intercalada. Um bebê consegue mamar as duas mamas na mesma mamada partir dos 5 ou 6 meses. O primeiro leite da mama é rico em água e lactose, e tem a função de hidratar o bebê. O leite posterior, do final da mamada, contém gordura e fará com que o bebê ganhe peso. Portanto, é preciso que o bebê esgote uma mama, para que, na próxima mamada, seja oferecida a outra”, explica a enfermeira. Com informação, sobre os mitos e verdades fica mais fácil e prazeroso amamentar. Tem alguma outra dúvida sobre o assunto? Compartilhe conosco nos comentários!