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Quais os riscos de uma gestação durante a pandemia?

A pandemia da Covid-19 oferece riscos para todo mundo. Se no início, a gravidade era maior para pessoas acima de 60 anos, hoje os casos mais graves são na faixa de 30 a 40 anos de idade. Um grupo especial também precisa redobrar a atenção: as gestantes. Enquanto a vacina não for ampliada e os estudos sobre a doença aprimorados, pensar com mais cautela sobre se irá engravidar ou não é a opção mais segura no momento.

A ginecologista obstetra, cooperada e conselheira técnica da Unimed Londrina, Dra. Inês Paulucci Sanches, explica que os riscos de uma piora da doença em gestantes aumentam por conta da defesa do organismo delas, que se adequa durante a gestação. "Ainda não temos respostas e sim hipóteses. A principal delas se baseia no ‘ajuste’ que o organismo materno desenvolve para diminuir a rejeição ao feto, ocasionando assim uma pior resposta às doenças de uma forma geral", detalha a médica.

Além dessa defesa do corpo materno, outra situação pode ser agravada para as gestantes. A infectologista e consultora da Unimed Londrina, Dra. Claudia Carrilho, alerta para os riscos de coágulo nos vasos sanguíneos dessas mulheres. "Tanto a gestação, quanto o puerpério, que é o período que compreende 45 dias após o nascimento, são estados que aumentam o risco de trombose, caracterizado pela formação de coágulos nos vasos sanguíneos. Isso é  fato já conhecido. A Covid-19  é uma infecção viral que também apresenta risco da trombose. Portanto, são duas situações que, se associadas, podem aumentar a incidência dessa doença", argumenta Carrilho.

Paulucci reforça o argumento sobre a piora da Covid-19 em grávidas ao trazer um estudo realizado pelo Centro de Controle de Prevenção de Doenças nos EUA (CDC). O levantamento reuniu mulheres sintomáticas, de 15 a 44 anos, com infecção confirmada por laboratório entre 30 de janeiro e 3 de outubro de 2020, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, a probabilidade das gestantes necessitarem de terapia intensiva é maior significativamente, sendo 10,5 casos, frente a 3,9 casos das não gestantes. Além disso, o risco das gestantes necessitarem de ventilação mecânica e oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) é duas vezes maior.

"Pela primeira vez, além disso, esse estudo detectou que a probabilidade de morte é maior: 34 mortes (1,5 por 1.000 casos), entre 23.434 mulheres grávidas sintomáticas, e 447 (1,2 por 1.000 casos) entre 386.028 mulheres não grávidas, o que reflete um aumento de 70% no risco de morte associado à gestação", compara Dra. Inês.

A pesquisa apontou que a idade também é fator agravante. Gestantes entre 35 e 44 anos com Covid-19 têm quatro vezes maior probalidade de precisar de ventilação invasiva e duas vezes mais chance de vir a óbito em comparação às não gestantes da mesma idade.

Carrilho ressalta que a variante vinda de Manaus acometeu em maior número as pessoas mais jovens e gestantes na segunda onda da doença, registrada no início desse ano. "Foi observado mais gestantes infectadas, muitas delas com casos graves, que nessa situação, pode implicar na retirada do bebê para melhor ventilar a mãe", conta.

Cada mulher deve decidir se irá engravidar ou adiar esse período e o médico obstetra precisa orientá-la nessa decisão. "Neste momento de pandemia, recomenda-se que as mulheres, se possível, adiem seus planos de gravidez, mas os casos devem ser analisados de forma individual, levando em conta o momento que cada paciente está vivendo, a idade e outros fatores que podem comprometer seu futuro obstétrico", completa Paulucci.

O adiamento da gestação também é recomendado por Carrilho. "Na medida do possível, para evitar o risco de trombose associado à gestação e aumentado com a Covid-19, seria prudente aguardar ou estar vacinada", aponta.

Para adiar uma gravidez, há métodos contraceptivos que podem ser melhores avaliados para cada caso, como pílulas via oral, combinadas, cíclicas, de uso contínuo; injeções; anel vaginal; adesivo; implantes intradérmicos;  DIUs hormonais; DIU de cobre e preservativos. Há ainda a laqueadura e a vasectomia. "Lembrando sempre que o planejamento familiar deve ser discutido com o casal, e orientado pelo ginecologista a opção melhor e mais adequada para cada paciente", finaliza Paulucci.